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Fera Palace Hotel: conheça mais da história de um dos prédios mais icônicos de Salvador

Quando dona Flor cruzou a porta do salão do Palace Hotel, o seu corpo tremulava, apoiado no braço de Vadinho. Em pouco tempo, eles abandonariam a mesa, posicionada em frente à passagem a unir pista de dança e o famoso Cassino, para dançar “um tango de ternura e volúpia”. Embora não estivéssemos lá para testemunhar dona Flor conquistar o sonhado presente de aniversário, quem conta os detalhes dessa noite de quimera é ninguém menos que Jorge Amado, nas páginas de “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, saborosa crônica de costumes da Bahia na década de 40.

Dizem que até hoje tango igual àquele jamais foi dançado no salão do Palace. E não é que tenha faltado quem se atrevesse a competir, já que o charme inigualável do número 20 da Rua Chile – a mais antiga do Brasil – era anfitrião de figuras célebres, de políticos a artistas. Desde a inauguração, em 18 de setembro de 1934, o local havia conquistado turistas e baianos, orgulhosos de terem o maior e melhor hotel do Norte e Nordeste.

Seus salões assistiram a gritos de Carnaval e a animados bailes temáticos, performances de artistas internacionais, como Theda Diamant e Miss Wanda, os Black Stars e Bienvenido Hernandez. O hotel tinha como principais atrativos as soirées dos sábados, e o salão de jogos explorado pelo marido de dona Flor – e que, mais tarde, em 1976, seria retratado pelo filme estrelado por nomes como Sônia Braga, José Wilker, Mauro Mendonça, Nelson Xavier e Betty Faria.

Memória e esplendor de um ícone

“O Palace foi apresentado como o ‘Copacabana da Bahia’. Os anúncios destacavam os quartos de banho em todos os apartamentos, grill-room e mais os serviços: aeropostal da Air France, de barbearia e o bar americano. Fazia questão de dizer que era o melhor da cidade e era. Fazia sombra ao [Hotel] Meridional, localizado no outro quarteirão”, contextualiza o pesquisador Nelson Cadena, sobre o equipamento construído em estilo Art Déco pelo Comendador Martins Catharino.

Com suas linhas geométricas elegantes e detalhes que evocavam um futuro promissor, o luxuoso Palace era um símbolo da transformação da cidade.

“Naquele período, Salvador vivia um frenesi de grandes atividades de modernização e vai beber das influências de outras tantas capitais, como São Paulo, Nova Iorque, Filadélfia e Detroit, que já vigoravam no pensamento das mudanças arquitetônicas e urbanas.”

– historiador Rafael Dantas.

É dele, aliás, o minucioso levantamento que determinou a data em que o equipamento hoteleiro completa 90 anos. “Foi um trabalho de resgate em diversos documentos, no meu acervo pessoal, coleções, em jornais da época e outras fontes que ajudassem a encontrar um pouco dessa história”, relata.

Símbolo de reconstrução

Já da Praça Castro Alves, ele surge, imponente. Sua cúpula de cobre reluz sob o mesmo sol que doura a Baía de Todos-os-Santos. O Flatiron Building, famoso nos filmes hollywoodianos e marco arquitetônico do horizonte nova-iorquino, encontrou no Palace Hotel sua contraparte soteropolitana, 32 anos depois. Na principal entrada para o Centro Histórico da capital baiana, o intrigante formato triangular instiga a curiosidade.

Foi assim que o empresário mineiro Antonio Mazzafera teve a alma capturada pelo Palace. A fachada com 230 adornos externos originais e 640 janelas de madeira maciça foram o suficiente para transportar o visionário CEO da Fera Investimentos aos tempos de glória do hotel, mesmo com a visível degradação. “Fiquei apaixonado pela fachada. Comecei a estudar a localidade, que estava muito complicada por causa da criminalidade e do abandono.”

Ele e seu sócio, Marcelo Faria Lima, encararam, em 2012, a árdua tarefa de reerguer o célebre edifício. As obras começariam em 2015. “Tivemos que reestruturar o local quase do zero, com reforço de estrutura e todas as intervenções necessárias. No início, ninguém acreditava, principalmente porque os baianos não frequentavam mais a região, não tinha vida. Há sete anos, o Fera Palace Hotel virou símbolo da reconstrução do Centro Histórico de Salvador e é motivo de muito orgulho, por termos conseguido recuperar uma parte importante da nossa história”, celebra.

Moderno e Original

O projeto de restauração foi regido pelo premiado arquiteto dinamarquês Adam Kurdahl. A fachada, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), adornos e janelas foram restaurados, preservando a autenticidade do imóvel. “Trouxemos a modernidade para o edifício, sem perder a originalidade e suas características históricas”, explica Mazzafera.

Os pisos originais de taco de madeira e mármore, por exemplo, foram recuperados. As louças, metais e luminárias são inspirados no espírito da época. Os quartos abrigam móveis em harmonia com o estilo baiano, com materiais regionais, como linho das cortinas, sisal nos tapetes e algodão para o enxoval. O toque especial é dado pelas esculturas da artista plástica baiana Nádia Taquary, expostas no lobby, e pelas fotografias do saudoso Akira Cravo, que decoram diversos ambientes espalhados pelos oito andares do prédio.

“É muito satisfatório participar desse processo de revitalização. Já vemos movimento, empreendimentos chegaram, há pessoas circulando. Foi feito todo um trabalho na área da segurança, com o apoio do Governo do Estado e da Prefeitura de Salvador”, conta Mazzafera. “Queremos ter mais parceiros, outros empresários para levar bares, restaurantes, lojas, projetos residenciais, porque as moradias são essenciais para devolver vida à região”, defende.

A Fera Investimentos entregou o primeiro residencial da vizinhança, o Gorges, e se prepara para lançar ainda este ano o emblemático Palacete Tira-Chapéu, emblemático edifício que deve reunir gastronomia, cultura e história.

170 noites no Fera

“Foi amor à primeira vista!”, confessa o hóspede Rubem Barros. Baiano radicado em Brasília, ele passou pela imponente porta de ferro em 2019 e, desde então, o Fera Palace se pintou de lar. Rubem não poupa elogios e se diz encantado com os funcionários, os serviços e as comodidades. Ele atingiu a incrível marca de 170 noites no hotel. “Conforto, vista do mar e atendimento personalizado”, dispara, sobre as razões para escolher o local, onde colecionou memórias inesquecíveis com a família nos últimos anos. “Queremos retornar em breve”, planeja, enquanto declara o seu eterno amor pelo Fera.

O que é que o Fera tem?
O Fera Palace Hotel oferece uma experiência única e personalizada

  • Os pavimentos e 81 quartos têm designs distintos, com composições de móveis e cores exclusivas
  • Dois restaurantes, o Omí e o Fera Rooftop
  • Lobby Bar aberto o dia inteiro e adega com capacidade para 1000 rótulos
  • Rooftop com restaurante, bar de petiscos e drinks, piscina de 25m de comprimento, com borda infinita, e vista panorâmica para a Baía de Todos-os-Santos
  • Tendas, almofadas, estofamentos, cadeiras e banquetas, além das toalhas de piscina, sob a assinatura da marca Le Lis
  • Salas multiuso inspiradas em personagens de Jorge Amado, para reuniões, conferências e outros eventos educativo-culturais e corporativos
  • O exuberante Salão Dona Flor, antigo Cassino, ideal para celebrações como casamentos, formaturas e festas de 15 anos
  • Academia moderna e bem equipada
  • Estacionamento fechado e seguro, com manobrista
  • Equipe altamente qualificada para oferecer os melhores serviços
Site: www.ferahoteis.com
Instagram: @ferahoteis
Reservas: [email protected] | 71 3036-9202/9200
Eventos: [email protected] | 71 3036-9210

Fotos: Divulgação/ Fera Palace

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