O cinema brasileiro voltou a atrair os holofotes internacionais com “O Agente Secreto”, novo filme de Kleber Mendonça Filho, protagonizado por Wagner Moura. A produção teve sua estreia mundial no último domingo (18), durante o Festival de Cannes, onde concorre à Palma de Ouro, e foi aplaudida por 13 minutos de pé após a exibição — uma recepção que reafirma o prestígio do diretor pernambucano no circuito mundial.
O longa é o terceiro trabalho de Mendonça Filho a disputar o prêmio máximo de Cannes, após “Aquarius” (2016) e “Bacurau” (2019). Ambientado no Recife dos anos 1970, o filme traz um thriller político centrado em Marcelo (Wagner Moura), um especialista em tecnologia que retorna à sua cidade natal em busca de paz, mas acaba envolvido em uma teia de conspirações e vigilância.
A recepção da crítica especializada foi, em grande parte, positiva. Na análise publicada pela Variety, o longa foi definido como um “superthriller”, com elogios à recriação da atmosfera da década de 1970: “demonstra uma capacidade notável não apenas de recriar, mas de nos transportar [o público] de volta aquela época, com seu calor opressivo e paranoia”.


O site Deadline destacou a atuação de Wagner Moura, que interpreta o protagonista com “convicção”, revelando aos poucos “que esconde mais do que deixa transparecer”. A publicação, no entanto, fez ressalvas quanto à duração do filme, chamando-o de “excessivamente longo” e “às vezes confuso” — críticas que também aparecem na análise da Variety.
Já o The Hollywood Reporter foi categórico ao classificar o longa como uma “produção original emocionante”. A atuação de Moura foi novamente exaltada: “Ele sempre foi um bom ator, mas Mendonça Filho o transforma em uma estrela de cinema”. O trabalho do diretor também foi reconhecido com entusiasmo: “Este novo longa é o seu ponto mais forte [de sua carreira] até agora e merece colocá-lo no ranking dos maiores cineastas contemporâneos do mundo”.
O site britânico Screen Daily definiu o filme como “um filme e tanto”, descrevendo-o como “frenético e cheio de suor”. Segundo a crítica, os elementos visuais da produção “contribuem para a rica textura da sensação de tempo e lugar”. A publicação ainda observa que a obra “é uma mistura inesperada do gosto sangrento de Bacurau e da abordagem mais reflexiva do filme mais recente do diretor, o documentário Retratos Fantasmas”.

“O Agente Secreto” também estreou com 100% de aprovação no Rotten Tomatoes, site que agrega resenhas de veículos especializados, reforçando o impacto positivo da estreia em Cannes.
Com uma narrativa que mistura espionagem, política e memórias da ditadura militar, o novo longa de Kleber Mendonça Filho reafirma o lugar do cinema brasileiro no cenário internacional e reacende as expectativas por mais uma vitória histórica em Cannes.
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